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PROPÓSITOS

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Tenho consciência da modéstia deste trabalho. A minha ideia inicial era seleccionar pequenos textos, entre os mais de quinhentos escritos ao longo destes 34 anos, alguns à mão, outros numa velha e saudosa máquina de escrever, outros finalmente em computador (a ideal máquina para apagar e corrigir, segundo o nosso inesquecível José Cardoso Pires), mas agora armazenados em memórias de diferentes tipos (papel, disquetes, cd's, pen's, discos externos), de pesquisa por vezes morosa. E  juntar-lhes dados relevantes sobre autores e intérpretes, muitos que infelizmente nos deixaram fisicamente neste período.  O objectivo era informativo mas também já agora deixar, através destas pequenas e despretensiosas notas, uma visão pessoal da sociedade em que vivo.  Deixei ficar referências a outras opiniões sobre estas obras, umas de que gostei, outras que me indignaram e neste caso não por serem diferentes mas porque as considerei intelectualmente desonestas. Cheguei entretanto à conclu

FENDA , de Rodrigo Francico

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IL SECRETO DE SUS OJOS (O Segredo dos Seus Olhos), Juan José Camapanella (ARG - 2009)

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“O Segredo dos Seus Olhos” tem várias cenas ao nível do melhor thriller de acção, como a da perseguição no estádio de futebol (de Huracan), magnificamente concebida e realizada, dando ao mesmo tempo a imagem do entusiasmo dos argentinos por esse desporto de massas, que tem como principal figura o genial antigo jogador, e agora (em 2010) seleccionador nacional, Maradona, que no entanto ultrapassa em muito como personalidade o mero “artista da bola”.  “IL SECRETO DE SUS OJOS” (O Segredo dos Seus Olhos), de Juan José Campanella Da Argentina chega-nos outro filme magnífico, do autor do famoso “O Filho da Noiva” entre outras obras que infelizmente não conhecemos porque não exibidas comercialmente em Portugal. Foi oscarizado em 2010 (Melhor Filme Estrangeiro), em competição com grandes filmes, como o extraordinário “O Laço Branco”, do austríaco Michael Haneke, mas não é isso, obviamente, que faz dele uma obra notável.  É antes o ser um thriller intenso, embora

LADY CHATTERLEY, de Pascale Ferran (FRA - 2006)

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“LADY CHATTERLEY”, de Pascale Ferran, (FRA - 2006) Uma adaptação brilhante de outra obra-prima, “O Amante de Lady Chatterley” (1928), de D.H.Lawrence (1885-1930), sendo conhecido o escândalo que a obra à época constituiu. Não vimos infelizmente nenhum dos anteriores trabalhos desta cineasta, aliás nunca exibidos em Portugal, apenas lemos sobre a sua qualidade.  Obviamente, depois da visão desta obra-prima que é “Lady Chatterley”, passa a ser um dos nomes do cinema actual, de que não quereremos perder obra. Não vou repetir o que pode ser lido em todos os jornais e revistas da especialidade, sobre este enorme sucesso de público e crítica, vencedor este ano do grande prémio do cinema francês (os Césares), em várias categorias, entre elas o melhor filme francês de 2006.  Chamar a atenção apenas para o, também brilhante, discurso de Pascale Ferran, lido na cerimónia de distribuição dos prémios (e publicado na revista POSITIF de Junho), em defesa da cultura e d

FILMES ESQUECIDOS OU MAL AMADOS ENTRE 2000 e 2006 (texto de 2007)

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DOMINGO, 11 DE FEVEREIRO DE 2007 ESQUECIDOS OU MAL AMADOS FILMES DOS ANOS  2000 A  2006 02fev07 – brancoev@gmail.com Blogue:  http://brancoev2.blogs.sapo.pt/ ver continuação nos sítios  na cidade branca  e   brancoev Alguns dos meus filmes preferidos neste período, para lá das grandes obras, que as houve e muitas (de Woody Allen, Spike Lee, Abbas Kiarostami, Agnès Varda, Manoel de Oliveira, Robert Altman, Pedro Almodóvar, Nanni Moretti, Jacques Rivette, Roman Polanski, Zhang Yimou, João César Monteiro, Fernando Meirelles, Ingmar Bergman, Terrence Malick e outros). Filmes que o gosto dominante esqueceu (ou fez por esquecer…) por razões que têm pouco a ver com cinema (políticas, ideológicas ou outras), e de que todavia gostei muito. Entre eles está, inclusive, o que é, em minha opinião, uma obra-prima absoluta, “Life is a Miracle” (A Vida é um Milagre), de Emir Kusturica. Limitei-me aos filmes exibidos comercialmente em Portugal, razão porque não refiro, por

YÖU-SAMA (A Senhora Oyu), de Kenji Mizoguchi (JAP - 1951)

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A SENHORA OYU (Yöu-Sama), de Kenji Mizoguchi (JAP - 1951) Aparentemente é apenas um muito belo e puro melodrama se não repararmos nas implicações sociais, sociológicas, de um argumento sempre brilhante de Yoda Yoshikata (Japão, 1951). Mais uma obra-prima deste realizador e do seu argumentista, não esquecendo os seus actores e actrizes, que são admiráveis apesar das dificuldades em trabalhar com Kenji Mizoguchi que pouco explicava do que queria segundo Paulo Rocha que também realizou obras no Japão anos mais tarde (o belíssimo A Ilha dos Amores, sobre Wenceslau de Morais). A propósito do epitáfio no túmulo do cineasta - "Aqui jaz o maior cineasta do mundo" - o antigo director da Cinemateca Portuguesa, João Bénard da Costa, apesar da sua filiação católica, escreveu: "Quem não conhece os filmes analisados neste volume (catálogo da Cinemateca que lhe foi dedicado) - e que são pouco mais que um terço de tudo quanto fez - achará que o (autor do epitáfi

OLGA, de Jayme Monjardim (BRA - 2004)

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Olga, de Jayme Monjardim Apesar de ser uma obra magnífica, falada em português, tive que a ver fora do circuito comercial (no Festival de Cinema Brasileiro, em Almada)! É o país que temos… Mas consegui! Desde 2005 que tentava ver esta obra (estreia do realizador na longa metragem), que em 2004 foi o maior sucesso de público no Brasil, (e seria também um sucesso cá, não tenho dúvidas). Aliás o anfiteatro do Fórum Municipal estava quase cheio. Um filme sobre duas personagens extraordinárias, lutando por um mundo melhor, mesmo com sacrifício das suas vidas.  Luiz Carlos Prestes, mítico secretário-geral do Partido Comunista Brasileiro, que em 1935 liderou uma tentativa revolucionária através da Aliança Nacional Libertadora, apoiada pelo Partido Comunista, para derrubar o ditador de tendências fascizantes e inicialmente apoiante do nazismo, Getúlio Vargas. “O Cavaleiro da Esperança”, chamou Jorge Amado a Prestes, numa obra célebre. Olga Benario (actriz Camila Mo

THE NEW WORLD (O Novo Mundo), de Terrence Malick (EUA -2006)

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The New World (O Novo Mundo), Terrence Malick (EUA - 2006) Malick não nos desiludiu nesta sua mais recente obra, de novo falando das dificuldades dos humanos, tendo como pano de fundo uma natureza, muito bela, mas indiferente à sorte deles. Velho projecto do cineasta, desde os anos 70, quando regressou da América do Sul, da Bolívia, num trabalho sobre Che Guevara, conforme confidência do seu produtor Jack Fisk, designer responsável dos seus três últimos filmes. A conquista de novos mundos, no século XVII, a chegada à América de Norte, o estabelecimento de colónias, o relacionamento com os povos índios, que logo se torna violento pelos objectivos de conquista dos invasores, eis o pano de fundo do filme. Desta vez a heroína de Malick é a bela princesa índia, Pocahontas (Q’Órianka Kilcher), que, apaixonada por um aventureiro inglês (Capitão Smith) que havia sido feito prisioneiro pelos seus, acaba por perder tudo – as raízes, o seu meio, o amor, porque depressa é abandona