OLGA, de Jayme Monjardim (BRA - 2004)



Olga, de Jayme Monjardim

Apesar de ser uma obra magnífica, falada em português, tive que a ver fora do circuito comercial (no Festival de Cinema Brasileiro, em Almada)! É o país que temos… Mas consegui!

Desde 2005 que tentava ver esta obra (estreia do realizador na longa metragem), que em 2004 foi o maior sucesso de público no Brasil, (e seria também um sucesso cá, não tenho dúvidas). Aliás o anfiteatro do Fórum Municipal estava quase cheio.

Um filme sobre duas personagens extraordinárias, lutando por um mundo melhor, mesmo com sacrifício das suas vidas. 

Luiz Carlos Prestes, mítico secretário-geral do Partido Comunista Brasileiro, que em 1935 liderou uma tentativa revolucionária através da Aliança Nacional Libertadora, apoiada pelo Partido Comunista, para derrubar o ditador de tendências fascizantes e inicialmente apoiante do nazismo, Getúlio Vargas. “O Cavaleiro da Esperança”, chamou Jorge Amado a Prestes, numa obra célebre.

Olga Benario (actriz Camila Morgato, numa interpretação inesquecível), alemã, filha de pais burgueses de origem judaica, ainda muito jovem torna-se militante comunista, emigra para a URSS, onde virá a ser destacada pelo Movimento Comunista Internacional para apoiar Prestes no seu regresso ao Brasil em 1935, por quem acaba por se apaixonar, tornando-se sua companheira, de quem tem uma filha, nos escassos anos que vivem juntos até à brutal repressão fascista que se abateu sobre os revolucionários. 


Ambos são então presos em 1936 e nunca mais se verão, porque Olga é entregue à Gestapo, deportada para a Alemanha, presa num campo de concentração onde nascerá a filha, de quem é separada ao fim de poucos meses pelos nazis, mas a criança sobreviverá à guerra. Olga acaba por ser morta no campo de extermínio de Ravensbruck, nas câmaras de gás, em 1942.

Prestes só será libertado em 1945. Após uma vida acidentada de revolucionário ao longo de grande parte do século XX, participando e assistindo a muitas vitórias e derrotas dos movimentos populares em todo o mundo, morre no Rio em 1990.

O filme, embora tendo como pano de fundo os conturbados acontecimentos históricos da época, em especial a vida nos campos de concentração e extermínio nazis, centra-se na curta existência de Olga, atravessada pelo momento de felicidade pessoal que constituiu o seu relacionamento apaixonado com Prestes. Porém ambos nunca abdicam dos seus ideais revolucionários de luta por um mundo melhor e mais justo, apesar da paixão que os une. 


Olga, em especial, atravessando anos de isolamento e tortura nos campos de concentração nazi, desde a deportação a que o governo brasileiro a condenou em 1936, apesar do intenso movimento internacional pela sua libertação, não renega nunca os seus ideais e o amor por Prestes e pela filha – Anita Garibaldi Leocádia, a qual virá a ser entregue, perante a enorme pressão da opinião pública internacional à mãe de Prestes, Leocádia Prestes (outro grande desempenho da grande actriz brasileira, do teatro e do cinema, Fernanda Montenegro).

O filme baseia-se no romance homónimo de Fernando Morais (traduzido em 20 países, com mais de um milhão de exemplares vendidos). 



Apesar da sua longa duração (cerca de 2 horas e meia) vê-se sem uma única quebra de interesse, emocionante e comovedor por vezes.

A não perder se voltar a ser exibido (com a distribuição que temos não é provável!)

Fórum Romeu Correia – Auditório Fernando Lopes Graça, Almada, 21jul06

ADENDA em 29-Mar-2016

“Minha indignação com a sordidez do noticiário do Jornal Nacional, agora à noite, fez subir a pressão. É o primeiro troco dos Marinho no Lula depois do cacete sem dó que o ex-presidente deu na Globo, sábado à noite, na festa do PT no Rio de Janeiro”, postou o escritor, que também já havia decidido não dar entrevistas à Veja


O jornalista e escritor Fernando Morais publicou, em seu perfil no Facebook, um texto com duras críticas à Rede Globo. Indignado com a perseguição da emissora com o ex-presidente Lula, o autor de livros como Olga e Chatô, o Rei do Brasil decidiu não dar mais entrevistas a nenhum veículo do grupo.



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