THE NEW WORLD (O Novo Mundo), de Terrence Malick (EUA -2006)



The New World (O Novo Mundo), Terrence Malick (EUA - 2006)

Malick não nos desiludiu nesta sua mais recente obra, de novo falando das dificuldades dos humanos, tendo como pano de fundo uma natureza, muito bela, mas indiferente à sorte deles. Velho projecto do cineasta, desde os anos 70, quando regressou da América do Sul, da Bolívia, num trabalho sobre Che Guevara, conforme confidência do seu produtor Jack Fisk, designer responsável dos seus três últimos filmes.

A conquista de novos mundos, no século XVII, a chegada à América de Norte, o estabelecimento de colónias, o relacionamento com os povos índios, que logo se torna violento pelos objectivos de conquista dos invasores, eis o pano de fundo do filme.

Desta vez a heroína de Malick é a bela princesa índia, Pocahontas (Q’Órianka Kilcher), que, apaixonada por um aventureiro inglês (Capitão Smith) que havia sido feito prisioneiro pelos seus, acaba por perder tudo – as raízes, o seu meio, o amor, porque depressa é abandonada pelo amante, a quem no entanto salvou várias vezes. Ostracizada pelos seus, acaba por casar mais tarde com um colono (John Rolfe) e recebida com admiração pela coroa britânica, no fundo como símbolo de um Novo Mundo, prestes a ser conquistado. No entanto não resiste às provações por que passou e morre muito jovem, deixando um filho de Rolfe, e não regressará às Américas.



E a Natureza, continuará, impávida e bela, sofrendo os maiores atropelos, mas rapidamente recuperando. Há uma cena admirável que é a do homem índio que acompanha a jovem Pocahontas a Londres, deambulando pelos bosques que rodeiam o palácio. A Natureza continua, apesar de tudo, lá.  

O Homem Moderno talvez acabe por destruir a sua própria civilização (se a Política, mais progressista, mais humana, mais ligada aos grandes ideais da Humanidade, não se conseguir voltar a impor, como o fez em relativamente curtos, mas decisivos, períodos da História) mas dificilmente destruirá a Natureza. 

O nosso planeta, quando tiver que desaparecer, se-lo-à, provavelmente, espero, apenas daqui a uns milhões de anos, consequência da evolução do Universo, como aconteceu antes a muitos outros planetas e estrelas, no decurso da história do Universo, de que somos partícula insignificante. Mas que isto não nos faça diminuir a nossa consciência de seres pensantes, essa aparente insignificância, haja ou não deuses e penso que não há. 

A obra de Malick é, como sempre neste autor, de uma beleza quase asfixiante.

Quanto à estória parece-nos existirem cortes no filme, a que o tempo de duração para exibição comercial obrigou, mas apesar disso recomenda-se uma visão obrigatória, pelo menos para que os gostam de Cinema

No entanto gostaríamos muito de ver uma versão completa do projecto de Malick. 

Cinemas Millenium, 13mai06, 10jun06

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