MANHATTAN (1979) e MELINDA AND MELINDA (2004), de Woody Allen (EUA)

DUAS OBRAS DE WOODY ALLEN

MANHATTAN (1979), de Woody Allen

Eis uma jóia brilhante, entre outras, da cinematografia de Woody Allen. A mais bela homenagem a uma certa Manhattan, aquela mítica parte de Nova Iorque, intelectual e progressista, que em meados do século XX nos seduzia? Talvez, embora nas últimas décadas só reste uma pequena parte disso... 

Também homenagem de Woody Allen a um dos seus (e também nossos) ícones na sétima arte – Ingmar Bergman. O cineasta contou aqui com o primoroso trabalho de Gordon Willis na fotografia, a preto e branco e escolheu a música de um dos mais geniais compositores americanos e não só – George Gershwin. 

Mariel Hemingway (Tracy), Diane Keaton (Mary) e, numa curta aparição a que se veio a tornar uma das maiores actrizes da sua geração – Meryl Streep (Jill), acompanham os nossos heróis Isaac (Woody Allen) e Yale (Michael Murphy). 




O resultado é simplesmente uma das nossas obras de culto, que nunca nos cansamos de rever.

18nov05



MELINDA E MELINDA (2004), de Woody Allen 

Para ver com um sorriso, quase permanente, esta obra aparentemente despretensiosa do grande cineasta norte-americano, divertimento à volta de alguns dos temas que lhe são caros – o relacionamento entre sexos e as consequentes pequenas tragédias de um quotidiano urbano. 

Desta feita tudo gira à volta das duas versões sobre uma personagem, uma jovem de nome Melinda (Radha Mitchell), que um grupo de amigos, intelectuais, discute à mesa de um restaurante em Manhattan. 


Melinda vai interferir na vida de dois casais em vias de desagregação, um por cada versão da história, ambos relacionados com o meio cinematográfico, em que uma das mulheres é realizadora, e ambos os maridos são actores, desempregados. Um deles consegue trabalho, mas é despedido porque bebe, o outro está desempregado e vive da participação em filmes publicitários. E é este que desempenha o papel que estaria, parece-nos, destinado ao cineasta, se ele quisesse também participar no filme como actor.

Ambas as versões vão sendo contadas paralelamente, o que obriga o espectador a um esforço suplementar, para saber em qual delas se encontra, já que Melinda participa nas duas.

Um dos momentos mais cómicos do filme, acontece quando o herói da fita, e o mais “woodyano” das personagens, e que no final se apaixona por Melinda, leva a sua casa uma apoiante de Bush, cheia de princípios morais que, supõe-se, são como habitualmente só fachada. E afinal ela só queria público para fingir que se atirava pela janela. Eu tinha deixado...

No final voltamos à mesa do restaurante, onde um dos participantes é, na vida real, um actor também de teatro, tcheckoviano, que desempenhara o papel de Tio Vânia, no famoso filme de Louis Malle, “Vania on 47th Street”... 

“Delicioso!”, foi o comentário de um espectador que ouvi no final da sessão e eu concordei.

Monumental, 16jan05






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